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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

METEOROLOGIA NO CEARÁ Pré-estação das chuvas deve ter volume na média

O período invernoso ocorre de fevereiro a maio, mas nos próximos dois meses, espera-se ocorrência de chuvas.
Iguatu. O início da pré-estação chuvosa, no Ceará, faz com que os agricultores vivam a expectativa de um bom inverno, depois de dois anos seguidos de estiagem. No campo, o sertanejo faz prece e torce para que a chuva volte a molhar a terra em 2014. As previsões do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), para dezembro, janeiro e fevereiro mostram tendência de chuvas dentro da normalidade (40%), abaixo da média (35%) e acima (25%).

A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) somente vai divulgar o primeiro boletim com prognóstico de chuva para a quadra invernosa (fevereiro a maio) na segunda quinzena de janeiro de 2014. Até lá, os técnicos atualizam dados climáticos e analisam os indicadores de temperatura do Oceano Atlântico e Oceano Pacífico, dentre outros fatores.

De acordo com o meteorologista da Funceme, Raul Fritz, ainda é cedo para uma previsão da quadra chuvosa, pois até fevereiro as condições climáticas e meteorológicas podem sofrer variações significativas. No momento, o quadro é desfavorável. "As condições atuais não são boas", observa Fritz. "A temperatura no Oceano Atlântico Sul das águas superficiais está neutra com manchas frias".

As condições verificadas hoje podem sofrer modificações e a experiência mostra que o aquecimento das águas do Oceano Atlântico favorece a ocorrência de precipitações no Estado. "A Funceme tem modelos próprios, mais específicos para o Ceará, com detalhes e peculiaridades regionais", explicou Fritz. "Estamos na torcida para que ocorra uma boa quadra invernosa".

A média histórica de chuva no Ceará para a quadra invernosa (fevereiro a maio) é de 711 milímetros. Neste ano, choveu em média no período, 390mm, ou seja, houve um desvio de menos 45%. Em 2012, a situação foi pior. Choveu em média apenas 345mm. Esse índice representou um desvio negativo de 51%.

Para o período de janeiro a novembro deste ano, a Funceme registrou no Estado uma média de 544mm. A média histórica para o período é de 905mm. Em 2012, a situação permaneceu mais grave com registro de 389mm naquele intervalo de meses. A ocorrência de precipitações em 2013 foi semelhante a 2010.

Neste ano, de janeiro até novembro passado, a região que registrou menor índice médio de chuva foi o Sertão Central/Inhamuns, com uma média de 405mm e um déficit de 40,73%. A região Jaguaribana apresentou menor desvio médio de menos 21,11%. Se tomarmos como parâmetro, a média histórica, o Litoral de Fortaleza registrou maior desvio negativo de 41,32%, pois foram registrados 644mm para uma média de 1098mm.

O meteorologista da Funceme, Raul Fritz, observa que, neste ano, houve chuva de pós-estação em junho e julho, favorecendo o surgimento de pastagem nativa e a alimentação do rebanho de bovinos, ovinos e caprinos. "Essas precipitações trouxeram um alívio para os criadores e contribuíram para elevar a pluviometria ocorrida ao longo do ano".

Em setembro passado, a Funceme divulgou que a quadra invernosa de 2013 ficou 37% abaixo da média histórica. Entretanto, novos dados de pluviometria dos postos de informações no Interior foram atualizados e esse índice subiu para 45%.

No período de 2003 a 2013, no Ceará, houve ocorrência de bom inverno com média anual superior a mil milímetros em 2004, 2009 e 2011. Entre 700mm e 1000mm, tivemos registro em 2003, 2006 e 2008. Abaixo de 700mm, considerados períodos regulares tivemos 2005, 2207, 2010 e 2013. Inferior a 400mm, apontado como crítico, foi em 2012. A década ficou dividida entre anos de elevas e baixas precipitações.

Política de secas O diretor geral do Dnocs, Emerson Fernandes Daniel Júnior, participou na segunda-feira da abertura do Workshop em Políticas de Secas: Lições, opções e próximos passos para o Brasil. O evento, realizado no BNB-Passaré, debateu em dois dias, ações e propostas de convivência com o semiárido, recursos hídricos e produção irrigada.

No evento, o coordenador de Planejamento do Dnocs, Alberto Almeida, observou que todas as instituições de desenvolvimento regional no Nordeste foram criadas na primeira metade do século passado, e por isso precisam ser revigoradas. "Estamos no Século XXI e essas instituições têm de ser fortalecidas e repensadas", propôs Alberto Almeida.

O coordenador considerou o passado de feitos gloriosos do Dnocs, mas sugeriu que daqui para a frente os órgãos precisam ser repensados. A definição do papel das instituições, em evento a ser realizado posteriormente, segundo ele, deve incluir Dnocs, Codevasf e Sudene.


Reserva dos açudes é só 32,9% do total


Iguatu. O Ceará acumula neste mês uma média de 32,9% de água em 144 açudes monitorados em 12 bacias hidrográficas pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh). Esse índice é menor 2,8% em relação aos últimos 40 dias. Do total, 107 reservatórios (74,3%) apresentam volume inferior a 30%. Há um mês, eram 94. Para assegurar abastecimento de várias cidades do Interior, o governo está implantando 14 adutoras de engate rápido e ampliando a perfuração de poços profundos.


Para solucionar o abastecimento precário, Estado viabiliza implantação de 14 adutoras em municípios com situação mais crítica FOTO: SILVANIA CLAUDINO

O quadro de reserva de recursos hídricos é considerado preocupante quando o reservatório acumula água entre10% e 30%, como está a maioria dos açudes. Em outubro de 2012, eram 43 açudes nesta situação. O perfil mais grave é a Bacia dos Sertões de Crateús que está com um índice atual de 4%, considerado como muito crítico. Somente um açude no Estado tem volume superior a 90%, que é o Gavião (93,9%), reabastecido pelo Açude Castanhão.

O diretor de Operações da Cogerh, Ricardo Adeodato, disse que o quadro atual de reserva de recursos hídricos é muito crítico, mas enfatiza o planejamento e as ações de governo que estão em curso: perfuração de poços profundos, instalação de adutoras de engate rápido e construção de açudes. "Nos últimos dois anos tivemos a pior recarga nos açudes nos últimos 500 anos", disse Adeodato.

Na Cogerh, há uma sala de situação que faz simulação permanente do cenário de recursos hídricos, define projetos alternativos de engenharia e ações governamentais. "Vamos aguardar a próxima quadra invernosa e seja qual for a situação temos saídas", disse Adeodato. "Pode ser que ocorram recargas, mas só o tempo vai nos dizer".

No Ceará, já foram instaladas 12 adutoras assegurando o abastecimento de núcleos urbanos nos próximos três meses. Crateús, Tauá, Beberibe, Pecém, Milhã e Acopiara são alguns exemplos. "Outras seis serão implantadas", disse Adeodato. Há dois meses, a reserva hídrica do Estado era de 38,4%. A tendência para o trimestre (dezembro, janeiro e fevereiro) é de perda continuada do volume acumulado em decorrência do consumo e da evaporação, em torno de 3% ao mês. A redução do volume armazenado traz preocupação para as autoridades e para os moradores do Interior.

Depois de anos seguidos de seca e de perda de volume de água nos açudes, os olhos do sertanejo estão voltados para o céu e o coração para Deus, em preces cada vez mais constantes para que em 2014 ocorra um bom inverno com intensas chuvas. "Às vezes, as chuvas favorecem a agricultura, mas não ocorre recarga nos reservatórios", observou Adeodato.

De acordo com monitoramento da Cogerh, a atual situação da Bacia dos Sertões de Crateús é considerada muito crítica. Nos últimos dois anos, sempre permaneceu em situação de alerta e nesse período não houve recarga. Acumula apenas 4%. É o menor volume armazenado dentre as 12 regiões hidrográficas do Estado, seguido pela Bacia do Curu com 9%.

Em situação crítica estão as bacias do Banabuiú (25%), Baixo Jaguaribe (11%), Acaraú (28%), Litoral (22%), Coreaú (28%), Salgado (23%), Metropolitana (28%).

Apenas duas bacias apresentam perfil confortável, mas que já começam a ficar em situação de alerta: Bacia da Serra da Ibiapaba (46%), do Alto Jaguaribe (47%) e Médio Jaguaribe (39%) quanto ao volume hídrico armazenado. Nos últimos dez anos, desde 2004, a Bacia do Salgado, no Sul do Estado, na região do Cariri cearense, sempre apresentou um status de "confortável", mas neste ano perdeu água e passou a ser considerada crítica.

No período de 2005 a 2011, o Ceará vivenciou uma situação confortável com volume acumulado acima de 70% nos reservatórios monitorados pela Cogerh. Em 2011, chegou a 85% em média, entretanto, atualmente está com 32,9%.

Dos dez reservatórios que integram a Bacia dos Sertões de Crateús, o açude Sucesso secou totalmente e outros estão com volume inferior a 5%. São eles: Em Independência - Cupim (0,41%) e Jaburu II (1,69%); Colina em Quiterianopólis (2,71%), e Carnaúbal em Crateús (2,80%).

Açudes estratégicos para o Estado que asseguram o abastecimento de várias cidades e perenização de rios são acompanhados com maior atenção.

O Castanhão, o maior do Estado, que realimenta o sistema da Região Metropolitana de Fortaleza e o Baixo Jaguaribe, está com volume de 42%; na Bacia do Alto Jaguaribe, o açude Orós, o segundo maior do Ceará, acumula 52%; e o Arneiroz II tem apenas 23%.

A situação mais confortável é do Açude Gavião, em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza, que acumula 93% de sua capacidade.

HONÓRIO BARBOSA REPÓRTER

Mais informações Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme)
Av. Rui Barbosa, 1246
Aldeota - Fortaleza
Telefone: (85) 3101.1093

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