http://picasion.com/

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Opinião Editorial Cinturão das Águas

O Ceará avança mais um passo, na implantação do desafiador Cinturão das Águas, arrojado projeto de transferência de recursos hídricos entre as diversas bacias hidrográficas do Ceará. O empreendimento objetiva assegurar água para consumo humano e projetos agropecuários e industriais no interior.

A ordem de serviço para a retomada das obras será assinada em Jamacaru, distrito de Missão Velha, encravado na Serra do Araripe. Lá será construído um ponto de redistribuição das águas da transposição do Rio São Francisco, com acesso, no Ceará, por Jati, e destinadas a alcançar a região dos Inhamuns, perenizando os Rios Cariús e Poti.

O Cinturão das Águas, incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC II), do governo federal, tem execução prevista para ser concluída em 2040. Sua proposta pretende fazer no Ceará o que será obtido pelo projeto da transposição, perenizando rios e garantindo o suprimento de água em caráter permanente para as populações do semiárido.

Um sistema adutor, distribuído por cerca de 1.300 quilômetros, está destinado a eliminar a carência de água, inicialmente de 1 milhão de pessoas, localizadas na região sul do Estado. As vazões captadas em Jati alcançarão Jamacaru e de lá as bacias de rios como o Salgado, Jaguaribe, Banabuiú, Curu, Acaraú e Coreaú, pelo processo de interligação.

Empreendimento prioritário, planejado em cinco etapas, a inicial, a ter sua execução a partir de hoje, está orçada em R$ 1,6 bilhão, sendo R$ 1 bilhão provenientes do PAC II e os R$ 600 milhões restantes do Tesouro do Estado. A região dos Inhamuns registra os menores índices de pluviosidade do Polígono das Secas, seguida por avançado processo de desertificação.

A perenização dos seus principais rios, o Cariús e o Poti, poderá marcar o início da reversão desse fenômeno. Os Inhamuns se destacam por atuante movimento minoritário em favor da preservação do meio ambiente. Essa motivação, a partir das lideranças comunitárias de Tauá, é fator relevante no esforço para alterar os modos de tratar a natureza.

A estiagem dos últimos dois anos demonstra o quanto estamos distantes da cultura de convivência com a seca e da consolidação da infraestrutura hídrica para a sobrevivência da população regional. O desmantelamento do Dnocs como principal agência de combate aos efeitos da ausência de chuvas, a pulverização de seus recursos hídricos - seu maior patrimônio - e a partilha de suas tarefas com os Estados representam retrocesso.

Dos cinco lotes da redistribuição das obras do Cinturão das Águas, quatro já foram licitados. O último prevê a construção de dez túneis e aquedutos, devendo ser levado a leilão no início do próximo semestre. Cada etapa custará ao governo R$ 300 milhões.

A partilha das águas do São Francisco pelas diversas regiões do Ceará irá atenuar a carência de água, responsável pela queda da produção primária, afetando, em maior escala, as camadas assalariadas. Esta última estiagem, iniciada em 2012, vem sacrificando dois milhões de cearenses. No campo, já se registra, também, a baixa de 400 mil cabeças de gado, com sensível reflexo na produção de leite e de carne.

Como o Cinturão das Águas, o Ceará já dispõe do Eixão das Águas, canal por onde escoam as águas do Castanhão para garantir o abastecimento de Fortaleza e do Porto do Pecém. Juntas essas águas atenuarão, em grande parte, o impacto da irregularidade das chuvas e seus efeitos maléficos na população. Fonte DN.

Nenhum comentário:

Postar um comentário