Açudes do Ceará têm 13,6% de
reserva de água (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução).
Com apenas 13,6% da capacidade total de armazenamento, a situação
dos 128 açudes do Ceará monitorados
pela Companhia de Gerenciamento de Recurso Hídricos (Cogerh), em parceria com o
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), é preocupante. A
realidade dos açudes é consequência da escassez de chuvas registrada nos
últimos quatro anos, quando o volume ficou bem abaixo da média histórica.
De acordo com o boletim hidrográfico da Cogerh, todos os açudes monitorados
pela Companhia estão com volume abaixo de 30%. A situação mais
preocupante, de acordo com o boletim hidrológico da Cogerh, é a da bacia
do Baixo Jaguaribe, onde a reserva hídrica está em apenas 0,88% da capacidade
de armazenamento.
Das 12 bacias hidrográficas do Estado, cinco estão com volume de
armazenamento de água inferior a 10%: Baixo Jaguaribe (0,88%), Sertões de
Crateús (1,38%), Curu (3,1%), Banabuiú (3,50%) e Acaraú (9,88%). Outras três
têm volume armazenado abaixo de 20%: Médio Jaguaribe (11,84%), Salgado (14,67%)
e Serra da Ibiapaba (17,67%). Apenas quatro estão com volume superior a 20%:
Litoral (29,62%), Alto Jaguaribe (28,78%), Coreaú (24,73%) e Metropolitana
(23,95%).
A probabilidade de ocorrer um grande volume de chuva em 2016 no Ceará continua
baixa, segundo previsão parcial da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos
Hídricos (Funceme). Dados preliminares mostram forte tendência de atuação do El
Niño (aquecimento anômalo no Oceano Pacífico Equatorial) no início do próximo
ano. Se a quadra chuvosa de 2016 não tiver regularidade nas precipitações, o
Ceará corre o risco de ter o ciclo mais severo de seca da história, superando
os difíceis períodos de 1951-1954 e 1979-1983, anos marcados por estiagem
prolongada.
Cidade ao lado de açude que abastece Fortaleza
sofre com falta d'água (Foto: TV Verdes Mares)
Um exemplo da crise hídrica no Ceará é a situação do maior açude do
Estado, o Castanhão. Localizado no município de Nova Jaguaribara, a 260
quilômetros de Fortaleza,
o reservatório tem capacidade para armazenar 7,5 bilhões de metros cúbicos de
água, mas hoje acumula apenas 856,3 milhões, que representa 12,78% da sua
capacidade de armazenamento, o pior índice desde que foi inaugurado, há 12
anos. Além de Fortaleza, outros 25 municípios são abastecidos pelo Castanhão.
Economia - Para evitar o desabastecimento, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece)
foi autorizada pela Autarquia de Regulação, Fiscalização e Controle de Serviços
Públicos de Saneamento Ambiental (ACFOR) a aplicar uma multa aos consumidores
que não economizarem água a partir do mês de dezermbro, será cobrado um
sobrepreço de 120% sobre o percentual não economizado.
Por exemplo, uma pessoa que consome, em média, 12 metros cúbicos de água por
mês, terá como meta consumir 10 metros cúbicos por mês. Se não conseguir
economizar, esses dois metros cúbicos de água serão faturados com sobrepreço de
120% da tarifa normal. A nova tarifa será acompanhada do aumento da conta
de água, que vai ficar 12,9% mais cara, de forma não linear para todas as
categorias e faixas de consumo.
Estão isentos desse aumento, clientes que têm média de consumo mensal menor ou
igual a 10 metros cúbicos, além de hospitais, prontos-socorro, casas de saúde,
delegacias, presídios, casas de detenção, bem como as unidades de internato e
de semi-internato de adolescentes em conflito com a lei.
No caso do interior e municípios da Região metropolitana de Fortaleza atendidos
pela Cagece, a proposta de aplicação dos mecanismos de revisão e contingência
ainda aguardam homologação por parte da Agência Reguladora de Serviços Públicos
Delegados do Estado do Ceará (Arce).
Por Veronica Prado portal G1.globo.com/ceara
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