Ex-catadora de lixo do Itaim Paulista, na zona leste de SP, vira empresária.
Foi preciso 24 anos para que a ex-catadora de lixo Francisca
Rabelo, 42, virasse uma empresária de sucesso do ramo de reciclagem, no Itaim
Paulista, bairro da zona leste paulistana.
Além de abrir, em junho, uma filial da cooperativa que administra
na cidade de Banabuiu, no Ceará, ela criou uma espécie de banco ecológico onde
o peso dos recicláveis é transformado em tratamento odontológico, cursos
profissionalizantes e, se os catadores preferirem, pode resgatar o dinheiro do
trabalho com juros.
Francisca começou a recuperar materiais recicláveis pelas ruas do
bairro quando ela e seu marido perderam o emprego nos anos 1990.
Junto a outras catadoras, criou em 2005 a Cooperativa Fênix-Ágape,
hoje uma das principais do ramo da reciclagem na zona leste da cidade. Na
entidade, trabalham cerca de 60 famílias e outras 200 são ajudadas de forma
indireta com os projetos sociais desenvolvidos dentro da cooperativa.
Em 2007, conseguiu
apoio do Instituto Ressoar, da Rede Record, que criou a primeira “Casa do
Fazer” no Brasil –uma espécie de casa/escola onde os alunos fazem cursos
profissionalizantes gratuitamente.
Durou pouco tempo, mas a estrutura foi herdada pela Cooperativa,
que a utiliza para oferecer os cursos de informática e artesanato a moradores.
No local, também é oferecido tratamento odontológico a baixo custo.
Em 2013, Francisca criou o “Eco Banco Fênix Ágape”, um projeto que
transforma o peso dos recicláveis recolhidos em conhecimento. Funciona assim:
os resíduos são pesados e transformados em uma espécie de crédito depositado em
uma poupança no nome do cooperado.
Os juros desta poupança podem pagar um tratamento dentário,
custear cursos de informática, inglês ou espanhol.
“Os valores dos recicláveis não importam para nós, pois o
importante é ter a consciência de poupar e transformar isto tudo em
conhecimento próprio”, diz Francisca. “Se o catador não quiser nada disto pode
receber em dinheiro com juros, depois de 30 dias”, completa.
A ideia deu certo e hoje os cursos possuem, a cada turma, cerca de
20 alunos. Ainda existe fila de espera, principalmente no tratamento dentário.
Ao falar da família, a cearense, há 26 anos no Itaim Paulista, diz
que seu filho não aceitava seu trabalho. “Ele tinha vergonha porque eu catava
lixo na rua e buscava ele na escola logo depois. Quando fui chamada para dar
minha primeira palestra na escola dele, a visão mudou até que ele virou o meu
maior apoiador dentro da família”.
Francisca diz que quer atingir 100% das famílias do Itaim Paulista
e acredita que o bairro tem potencial para reciclagem. Quanto às conquistas
alcançadas desde o serviço de catadora de lixo até empresária, Francisca lembra
seu principal lema: “Querer é poder”.
Renata Asp, 22, é correspondente de Itaquera
@renataasp_
renataasp.mural@gmail.com
Vander Ramos, 52, é correspondente do Itaim
Paulista
@vander521
vander.mural@gmail.com
Por Blogfolha
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