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sábado, 12 de março de 2016

EXPEDIÇÃO. TREKKING Pelos caminhos de um Ceará que agoniza e renasce

De Fortaleza a Juazeiro a pé, dupla de amigos quer descobrir segredos e personagens que ajudam a povoar a história do Estado.
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Mochilas, um punhado de roupas, fogareiro portátil, alguma comida, uma barraca de dormir e um equipamento de filmagem. Roberto Bomfim e Rogério da Hora decidiram não levar muito peso para a caminhada que vão iniciar na madrugada deste domingo, 13, em direção à terra de Padre Cícero, Juazeiro do Norte, na região do Cariri. Serão quase 500 km percorridos em trajetos diários de até 67 km por cidades como Banabuiú, Quixelô e Granjeiro. 

A maior dificuldade: a água. “Pode faltar tudo, mas a gente tem que ficar hidratado”, explica Rogério, comerciante e corredor de rua há pelo menos quatro anos. Segundo seu companheiro de expedição, o pior trecho é o situado entre os municípios de Quixadá e Quixelô, que a dupla deve percorrer entre o terceiro e o sexto dia da aventura. “São poucas casas e muitos pontos críticos, com intervalos de até 50 km entre as cidades. Vamos ter que preparar nossa comida e segurar o máximo com a água”, prevê.

A dupla se conheceu por acaso em janeiro deste ano, em um dia de praia na Capital. Foi Bomfim, diretor e produtor de uma série de documentários históricos sobre o Ceará, como Charqueadas (2012), e Mandacaru (2013), que convidou Rogério para a aventura. Firmada a parceria, começaram a planejar a expedição: em nove dias de caminhada, percorreriam 490 km registrando em foto e vídeo as histórias de secas e aperreios, de espiritualidade e vitórias.

“Vamos em busca dessa psicologia do cearense, desse povo que, embora tenha passado por dificuldades, pela violência, pela seca, continua sendo bom, com pessoas receptivas e fortes”, argumenta o jornalista. Para embasar esse trabalho de reconhecimento e descoberta, a dupla está mergulhando em textos como Psicologia do Povo Cearense e Ceará e o Profeta de Chuva, ambos do jornalista e sociólogo Abelardo Fernando Montenegro.

Para recriar com fidelidade o trajeto tantas vezes feito por romeiros e retirantes, a dupla decidiu abrir mão de qualquer equipe de apoio. Querem passar pelas mesmas dificuldades dos que já cumpriram aquele caminho. “Buscando esse ser cearense, não sabemos onde vamos ficar ou onde vamos tomar banho. É uma aventura em busca desse regresso e que também vale pra ver o quanto somos pequenos e dependentes em relação à natureza”, justifica Bonfim.

Parceria - Devidamente preparada fisicamente, a dupla não vê a opção pela falta de suporte como o principal desafio na expedição. Para eles, o que exige cuidado é a segurança psicológica durante a aventura. “Embora eu tenha tido treinamento militar e goste de aventuras, é o psicológico que faz a pessoa desistir, esmorecer. Daí a importância de sermos uma equipe, eu dependendo dele e ele dependendo de mim”, reflete Bonfim. 

Rogério, que superou um problema com álcool há mais de uma década, também reflete sobre a importância da parceria: “É uma aventura de muito peso, vamos ter que revezar os equipamentos e agir como companheiros e amigos. Vai ter cansaço físico, dor e câimbra. O que um precisar, o outro vai ter que ajudar”.

A expedição deve dar origem a um documentário de média-metragem com 35 minutos, composto por relatos dos viajantes e histórias das pessoas e cidades que cruzarem seus caminhos. A dupla também estuda a possibilidade de transformar o material em uma série de cinco episódios para a televisão, além de um livro com os bastidores da aventura.

FILMOGRAFIA

Principais documentários de Roberto Bomfim

-Flertando com a Praça (2008)
-Sentinela Perpétua (2008)

-História do Futebol Cearense (2009)
-O Raio de Sol da Ibiapaba (2011)

-Charqueadas (2012)
-Acaraú, o Rio das Garças (2012)

-Mandacaru (2013)
-Neerlandeses em Terras Alencarinas (2014)

-Serra dos Macacos (2015)
-Naufrágio Amazônia e o Resgate dos Cristais (2015)
Fonte:
Jáder Santanajadersantana@opovo.com.br - OpovoOnLine.

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